Co-investimento e investidor anjo: como funciona?

Co-investimento é a união de forças entre investidores anjo que têm o mesmo propósito: investir em startups promissoras minimizando riscos. É bom para quem investe, é bom para quem é investido. 

O investimento em startups prodígio não precisa ser um jogo individual. O co-investimento é exatamente isso. Essa é mais uma modalidade de investimento anjo, porém, aqui, você divide as suas habilidades, conhecimentos e riscos com outros investidores anjo.

Os investimentos em conjunto são benéficos tanto para quem investe quanto para a startup. Essa também é uma alternativa para aqueles que estão começando no mundo do investimento anjo — mas ainda não querem se arriscar muito.

Mas, também é indicada para investidores experientes e com grandes montantes que querem diversificar a sua carteira. Não é à toa que investimentos crowdfunding estão cada vez mais popularizados no Brasil. Além disso, o co-investimento ainda é a modalidade mais comum entre os investidores anjo.

Afinal, não se trata somente de ganhar, mas também de diluir os riscos. Ficou interessado em investir junto a outras pessoas? Acompanhe este artigo e entenda o que é co-investimento, como funciona e os seus desafios.

Vamos lá?

O que é co-investimento?

O co-investimento é o investimento em grupo. Ou seja, é um conjunto de investidores anjo que se reúnem com o mesmo propósito. Assim, cada um deles investe uma quantia para aplicar em startups promissoras. Depois, os lucros e participações são divididos.

Você já assistiu ao programa Shark Tank? Se sim, lembrará que há momentos em que os tubarões (investidores) se unem para investir em uma empresa. Eles combinam a porcentagem de participação acionária de cada um e o valor a ser aplicado. Em algumas vezes, eles ainda investem recursos estratégicos, como campanhas, networking e conhecimentos de mercado.

Isso é o co-investimento. Jogar em time pode ser vantajoso que jogar sozinho, dependendo da situação Cada membro da equipe tem as suas habilidades e valores a agregar. O mesmo acontece no universo do investimento anjo.

Esse não é um mecanismo de investimento recente, nem mesmo no Brasil. Porém, nos últimos, ele vem se popularizando. Isso está acontecendo porque o co-investimento vem se mostrando uma estratégia mais vantajosa para investidores e para startups. Afinal, o negócio consegue montantes maiores, e os investidores anjo mitigam os riscos — falaremos sobre isso neste artigo.

Setores que mais recebem co-investimento

Inicialmente, o co-investimento era muito popular no setor imobiliário. Essa é uma estratégia de investidores anjo e de pequenos negócios que querem entrar ou crescer no mercado imobiliário. Essa prática começou nos Estados Unidos e logo após se tornou comum na Espanha e Portugal. No Brasil, também já é uma prática conhecida dos investidores anjo.

Porém, justamente pelos benefícios, o co-investimento já se expande para outros setores de startups, como:

  • Fintechs (startups que oferecem serviços financeiros, como empréstimos e cartões de crédito);
  • Biotechs (startups do setor da biotecnologia);
  • Healtechs (startups que atuam no setor da saúde);
  • Agtech (startups que atuam no setor do agronegócio). 

Além desses principais negócios, o co-investimento também vem se popularizando em startups que atuam com projetos de:

  • cidades inteligentes;
  • tecnologia da informação e comunicação;
  • Economia ativa.

Equity co-investment

Uma das modalidades do investimento anjo coletivo é o Equity co-investment. Essa é uma aplicação com participação minoritária. A negociação é feita entre os investidores anjo e o gestor de um fundo private equity ou em venture capital — investimento em startups com alto potencial de crescimento e alto risco.

Esse é um tipo de co-investimento em ações, que oferece a possibilidade de altos lucros sem as taxas comuns dos fundos private equity. Porém, também há maiores riscos envolvidos. Afinal, o mercado financeiro é uma eterna relação entre risco e retorno.  

No entanto, o Equity co-investment não é tão popularizado porque é mais restrito. Normalmente, esse investimento é limitado aos grandes investidores, chamados de institucionais. São pessoas que já conhecem o administrador de um fundo, por isso, nem sempre estão disponíveis para os investidores de varejo, ou com menores montantes.

Quais são os benefícios do co-investimento?

O principal benefício do co-investimento é a mitigação dos riscos. Assim como os lucros são divididos entre os investidores, os riscos também são. Geralmente, o investimento em startups é cercado de algumas incertezas e riscos. Porém, são negócios com grande capacidade e perspectiva de crescimento.

Essas incertezas estão relacionadas aos projetos inovadores e tecnológicos que elas envolvem. Afinal, eles podem dar muito certo no mercado, ou não serem aceitos pelo consumidor — que acaba preferindo processos tradicionais.

Os bancos digitais são um grande exemplo disso. No início, as pessoas tinham certo “pé atrás” em ter conta em um banco que nem agências têm. As pessoas estavam acostumadas em ir até o banco, resolver os problemas com o gerente e lidar com dinheiro “vivo”. Por outro lado, as taxas são menores e algumas inexistentes — esse foi o principal gatilho para a popularização desse serviço.

Além disso, a gestão da startup, os diferenciais que ela oferece e o seu valuation também interferem no risco do investimento.

Para entender melhor porque o co-investimento pode mitigar os riscos e diminuir a possibilidade de prejuízos, acompanhe a seguir os benefícios desse tipo de investimento anjo.

Redução de riscos

Quando você faz um co-investimento, pode aportar valores menores e diversificar a sua carteira. Esses são os dois principais pilares para a redução de riscos de uma aplicação.

O investimento anjo coletivo dilui os riscos entre os investidores anjo, mas também divide os riscos. Sendo assim, caso a startup não tenha o crescimento esperado, o seu prejuízo não será tão grande como se estivesse investindo sozinho.

Além disso, a redução de riscos também está atrelada a outro fator: a união de forças. Cada investidor tem uma bagagem, valor a agregar no investimento e conhecimentos. Ou seja, “várias cabeças pensam melhor do que uma”.

Essa junção de experiências pode criar investimento e projetos ainda mais promissores, reduzindo riscos e aumentando o potencial de retorno. Afinal, o investimento em startup não se resume em dinheiro. Também estão envolvidos conhecimentos pessoais, culturais, estratégias e networking.

Diversificação de investimentos

Se você já é um investidor, já ouviu falar que guardar todos os ovos na mesma cesta é um risco. Se a sua cesta cair, perderá todos os seus ovos. Porém, se você os separa em outras cestas, perde só uma pequena parcela. O mesmo acontece com a sua carteira de investimentos.

Mas onde o co-investimento ajuda na diversificação? Quando você investe em um negócio sozinho, pode precisar de aportes maiores para ter o lucro e participação que espera. Assim, terá menos dinheiro para investir em outros negócios. Isso acontece muito com investidores anjo que estão começando a investir. Muitos deles não têm várias reservas ou um grande montante para aplicar.

Nesse sentido, se você opta pelo co-investimento tem a possibilidade de fazer aportes menores. Assim, terá recursos para investir em outros negócios. A partir daí, você estará diversificando a sua carteira de investimentos e, consequentemente, os seus riscos.

Momentos de baixa para uns, podem ser de alta para outros. Então, se você investe em uma startup que está em período de queda, pode investir em outra de um segmento distinto para cobrir essa baixa. Assim age a diversificação.

Por outro lado, se você não diversifica e a startup onde apostou não atinge os resultados esperados, o prejuízo é maior e certeiro.

Troca de experiências

Como dissemos, o co-investimento proporciona uma troca de conhecimentos muito rica. São investidores com experiências diferentes, estudos e entendimento prático sobre estratégias e setores. Então, essa também é uma maneira de enriquecer o seu investimento.

Além disso, do co-investimento podem surgir novas parcerias e oportunidades de negócios entre os investidores. Sem contar o networking que você fará. Lembrando que ter uma rede de contatos profissionais é de extrema importância para os seus investimentos e vida profissional.

Aumento do capital

Com mais investidores com o mesmo propósito, o co-investimento aumenta o capital investido, logo as participações e o lucro. Isso acontece porque o valor dos aportes é somado, resultando em um capital maior do que se fosse um investidor sozinho.

Suponha que você tenha R$150 mil para investir em um aporte único. Porém, se encontrar outros investidores interessados, essa quantia é multiplicada. Com isso, se torna um investimento mais robusto.



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Como funciona o co-investimento?

O co-investimento pode ser feito por duas ou mais pessoas. Para isso, é delegado um Deal Leader, que é o investidor responsável por fazer os contatos com a startup, acompanhar e compartilhar a evolução do investimento, além de lidar com algumas questões burocráticas.

De maneira geral, os passos para fazer o co-investimento são:

  • escolher o grupo de investidores;
  • escolher a startup;
  • definir o tipo de investimento;
  • determinar o valuation;
  • considerar as taxas de desconto. 

Vamos entender como cada uma das etapas do co-investimento funcionam?

Escolher o grupo de investidores

O primeiro passo para fazer o co-investimento é encontrar o seu grupo de investidores anjo, ou um investidor parceiro. É imprescindível que seja uma parceria de confiança, com contrato e consenso entre ambas as partes.

Afinal, vocês estarão investindo juntos e essa precisa ser uma relação de confiança e com todos os acordos registrados. Assim se evita muitas dores de cabeça. O Deal Leader precisa ser um investidor com profundos conhecimentos sobre o assunto. Isso porque ele será o responsável pelos contatos e burocracias.

Mas como encontrar esses investidores? Se você está começando na carreira de investidor anjo e ainda não tem muitos contatos, pode buscar por clubes de investimento. Essa é uma maneira de encontrar startups de mais confiança e investidores com o mesmo objetivo.

Escolher a startup

Sem dúvidas, esse é um grande desafio. Os investidores precisam encontrar negócios promissores e estudar os diferenciais. Normalmente, esses negócios são identificados porque as startups fazem as ofertas.

São negócios que precisam de recursos para crescerem e alavancarem os seus projetos. Para achar esses negócios, você precisa ter contatos, conhecer pessoas e entender o ecossistema das startups.

Já percebeu que nas empresas as melhores vagas ficam com as pessoas que recebem importantes indicações — o famoso QI (Quem Indica). No co-investimento é a mesma coisa. Porém, recebe o nome de Fluxo de Investimento Prioritário, ou Proprietary Deadflow.

Esses são os investidores mais experientes, que entendem do mercado de startups e que indicam as melhores oportunidades de negócio. Dessa forma, você identifica startups já em crescimento e que podem gerar retornos expressivos em menos tempo. Muitas vezes, esses investidores profissionais já até conhecem muitos fundadores de startups promissoras. Então, tenha contatos e faça o seu networking.

Definir o tipo de investimento

Nessa etapa do co-investimento em startups é que começam as negociações entre os investidores anjo e os CEOs das empresas. A definição do tipo de investimento precisa estar acordado entre todos os envolvidos, assim como as condições da aplicação.

Aqui é preciso determinar se os investidores receberão ações ordinárias ou ações preferenciais, ou seja, o tipo de participação. Ou, se serão notas conversíveis.

As ações ordinárias dão o direito a voto nas decisões do negócio. Sendo assim, os investidores podem impactar e interferir no andamento e políticas da startup. As ações preferenciais dão direito de preferência no recebimento de dividendos. Já as notas conversíveis podem ser transformadas em participações desde que haja acordo entre as partes.

Determinação do valuation

Quando o investimento é feito para uma relação entre o aporte x participação acionária, é preciso determinar o valuation da startup, ou seja, o seu valor. Em cada uma das rodadas de investimentos, a empresa, geralmente, leva fundos para os próximos 12 ou 18 meses. Esse valor é reservado para investir no crescimento, sem que tenha problemas de caixa.

Portanto, chegar a um valuation é importante para definir a participação de cada investidor anjo. Ou seja, a porcentagem de domínio que a startup aceitará ceder. Essa é uma das principais e mais importantes etapas da negociação.

Em grande parte das negociações de co-investimento, os investidores anjo ficam com cerca de 20% das participações, mas isso não é uma regra. Assim, esses 20% são diluídos entre os investidores. Por isso, quanto maior o investimento, melhores são as condições do investimento e participações.

Para isso, o valuation é definido por meio de uma avaliação. Essa análise pode ser comparativa entre outros negócios do mesmo setor e porte, ou por meio da soma dos bens da startup.

Considerar a taxa de desconto

A taxa de desconto dá ao investidor anjo um valor descontado. Esse direito permite que o valor do aporte possa ser convertido em participação, desde que esteja de acordo com as condições da conversão — conhecido como evento gatilho.

Quais são os desafios do co-investimento?

O co-investimento é uma alternativa benéfica para empresa e investidor. No entanto, também é preciso considerar alguns desafios e dificuldades, como qualquer outro tipo de aplicação.

O primeiro aspecto que você precisa considerar é justamente por ser um investimento coletivo. Ou seja, são pessoas que podem ter metas diferentes, culturas e pensamentos. Para que entenda melhor como lidar com esses e outros desafios, confira quais são eles.

Ter acesso a boas startups

Existem muitas boas startups no mercado e com bom potencial de crescimento, somente esperando os investidores para impulsionar seus projetos. No entanto, encontrá-las é um desafio. Esse é um trabalho de separar o joio do trigo. Afinal, também existem empresas com gestão falha ou com projetos que podem não dar muito certo.

Sendo assim, como dissemos, você precisa fazer contatos, estudar sobre o assunto, conhecer pessoas desse universo. Fazer networking é o melhor caminho para um investidor anjo. Assim, você conhece outros investidores com os mesmos objetivos e mais experientes.

Encontrar outros investidores

O co-investimento pode ser formado por dois ou mais investidores. Porém, você precisa, primeiro, encontrar pessoas que sejam de confiança e tenham os mesmos objetivos que você. Caso contrário, podem surgir atritos e problemas que atrapalham o andamento da aplicação.

Aqui, mais uma vez, destacamos a importância do networking. Além disso, os clubes de investimento também são uma alternativa para encontrar outros investidores. Então, busque parceiros que sejam mais experientes que você, e investidores com bons históricos para achar talentos. Assim, as suas chances de ter resultados negativos diminui.

Acordos, cláusulas e critérios de participação

Definir valores de aporte, porcentagens de participação, tipo de participação e acordo entre startups e investidores anjo também pode ser um desafio. Como dissemos, são pessoas diferentes, com metas diferentes. Além disso, apesar de precisar do investimento, a startup fará de tudo para proteger o seu negócio e o acionista majoritário.

Por isso, é importante que tudo seja documentado e acordado entre todas as partes envolvidas. Caso você não concorde com alguma cláusula e ache que ela vá prejudicar os seus objetivos, repense o investimento.

Tempo e estudo

O co-investimento, assim como qualquer outra aplicação, precisa ser acompanhado. Os resultados das startups precisam ser monitorados e você deve estar em constante avaliação dos projetos. Para isso, você precisa de tempo. O investimento anjo não se trata de aplicar dinheiro e deixar que o tempo faça o resto.

Você está lá não somente para agregar dinheiro, mas também valor e conhecimento. Apesar de ter um Deal Leader para intermediar os contatos, burocracias e fazer avaliações, você também deve fazer esse acompanhamento. Afinal, há dinheiro seu envolvido.

Além disso, conhecimento é o ativo mais importante que você pode ter. Então, estude os investimentos anjo, busque aprender e acompanhar o setor da startup onde investiu. Troque ideias e projetos com os investidores. Certamente, isso trará bons frutos.

O co-investimento é uma alternativa para reunir forças e recursos com outros investidores anjo com o mesmo objetivo. Além de reduzir os riscos da aplicação, você ainda tem a possibilidade de diversificar os seus investimentos. Porém, tome cuidado com as pessoas que escolhe como parceiro. Escolha bem, encontre boas startups e nunca pare de estudar o mercado.

Viu como o co-investimento pode ser uma opção interessante para os seus investimentos? Aproveite para compartilhar este artigo nas redes sociais e identifique outros investidores que tenham o mesmo interesse!