Startups do setor da construção civil, as construções têm revolucionado o mercado, isso porque elas tem levado tecnologia para uma das áreas que menos investe nisso, de acordo com apontamentos
Empresas startups são conhecidas por serem compostas por profissionais iniciantes, lançando uma ideia inovadora no mercado, que é escalável, mas que apresenta condições de incerteza.
As startups construtechs especificamente possuem todos esses atributos voltados para a área de construção civil e suas correlatas. Ou seja, elas criam tecnologias focadas em solucionar problemas e agilizar processos de construção, engenharia e do mercado mobiliário.
Devido à crescente do mercado mesmo em tempos desafiantes, as construtechs têm sido uma alternativa bastante considerada pelos investidores. É possível constatar isso quando analisados dados como os da Construtech Ventures – fundo de investimento focado nos setores imobiliários e de construção.
De acordo com eles, mais de 15.8 bilhões foram investidos em construtechs entre os anos de 2017 e 2018 em todo o mundo. No Brasil especificamente, foram R$450 milhões de investimento.
Para que compreenda sobre esse tipo de startup e como este mercado tem evoluído no âmbito nacional, neste artigo você irá conferir algumas dessas informações importantes: conceito, características e como anda o mercado.
Você também irá descobrir sobre algumas construtechs brasileiras que têm demonstrado grande potencial para influenciar o setor de construção futuramente, contribuindo, inclusive, para a implementação da revolução 4.0 aqui no Brasil.
O que são construtechs?
As construtechs são startups que concentram suas ideias no setor da construção civil. Em outras palavras, são organizações que atende a demanda de uma cadeia que contempla processos pré, durante e após a realização de um empreendimento.
Ou seja, as construtechs surgem com o objetivo de modernizar a área de construção civil e suas correlacionadas a fim de gerar maior produtividade e economia para o setor.
Tipos de construtechs
São cinco os tipos de construtechs: Proptech, Contech, Retech, Greentech e InfraTech. Cada um refere-se a uma parte específica do setor, seja ao mercado ou as ferramentas que ele utiliza.
- ConTech: É o termo utilizado para caracterizar as startups relacionadas ao ambiente de obras.
- PropTech: Refere-se às startups que atuam com tecnologias voltadas para os produtos utilizados no processo de construção. Mas também pode ser uma expressão implementada para representar o mercado imobiliário.
- ReTech: É um termo usado por alguns lugares quando querem se referir a startups voltadas ao Real Estate. Mas ele tem deixado de ser implementado por se confundir com “Retail”.
- GreenTech: Vocábulo utilizado para designar as startups de tecnologia voltadas para a sustentabilidade ambiental.
- InfraTech: A expressão é destinada para startups que atuam nas áreas de infraestrutura pesada.
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Panorama do mercado
O setor de construção é bastante impactado pelas oscilações econômicas, até por isso que ele é conhecido como o termômetro da economia. Isso significa que, se o setor está com bom desempenho então o país está em crescimento.
No cenário global, os últimos anos não têm apresentado bons resultados quando se trata de construção civil e pode-se acreditar que a estagnação tecnológica da área é um dos motivos principais para que isso esteja acontecendo.
Conforme artigos publicados na revista Harvard Business Review, a área de construção possui o segundo pior resultado em adoção de novas tecnologias em seus processos, perdendo somente pela área de agricultura.
Um dado que comprova isso é um relatório desenvolvido pela JB Knowledge, que mostra que 46% das organizações distribuídas no mundo investem menos de 1% das suas receitas totais em tecnologia.
Mesmo que o panorama mundial não tenha evidenciado bons resultados nos últimos anos, é preciso observar que a falta de implementação tecnológica é um dos motivos que causa isso. Portanto, o mercado encontra-se aberto para as construtechs, visto que elas desejam implementar tecnologia no setor.
Cenário brasileiro
No Brasil, startups voltadas para os ramos imobiliário e de construção tiveram uma crescente nos últimos anos. Conforme uma pesquisa feita pelo Construtech Ventures, mais de 500 startups surgiram. O investimento para estes setores no ano de 2019, por exemplo, foi de aproximadamente R$600 milhões e a tendência é que ele cresça cada vez mais.
Ainda pelos dados compartilhados da Construtech Ventures, o investimento foi distribuído em:
- Projeto e viabilidade – 9%
- Construção – 26%
- Aquisição – 35%
- Propriedade e uso – 30%
Em 2019, os indicadores do Índice de Confiança da Construção divulgados pela FGV alcançaram 84,7, o maior nível desde o ano de 2015. Antes disso, o setor enfrentava grande queda por 5 anos consecutivos.
O ano de 2020 foi assolado pela pandemia do novo coronavírus, que influenciou negativamente em diversas indústrias, inclusive na de construção civil.
Com isso, o setor de construção civil teve suas ondulações e terminou com recuo de -2,8%, estes dados são da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que também fez suas projeções para este ano de 2021, sendo elas de alta de 4%, mas que, após o advento atípico, caiu para 2,5%.
Para o ano de 2021, mesmo após um ano atípico, o que na economia é conceituado como “evento x”, a previsão era de crescimento. E no primeiro semestre houve ainda mais redução de juros no setor – o que já acontecia desde 2018, mas que se intensificou com a pandemia.
Isto impactou nos ativos reais e financeiros, o que influenciou na aposta deste mercado. Mesmo com diversos desafios, como a falta de material, a construção civil já ultrapassou os números esperados.
Cada vez mais os indicadores nacionais evidenciam que a atividade econômica do setor está em crescimento e o setor da construção – mesmo que lucrativo – dispõe de pouca produtividade, sendo uma oportunidade para a criação e implementação de novas tecnologias que ajudem no crescimento sustentável dele.
Benefícios de investir em uma construtech
Assim como já foi contemplado neste artigo, pouco se é investido em tecnologia na área de construção civil e imobiliária, isso no Brasil e no mundo. Como consequência, há muita oportunidade de crescimento.
Um exemplo disso é a maneira que o Airbnb se tornou uma potência no mercado em pouco tempo. A startup na área imobiliária faz a mediação de pessoas que estão com residências ociosas e interessados em alugar por um curto período de tempo uma estadia, mas sem precisar arcar com absurdos cobrados em uma hospedagem de hotel, por exemplo.
A ideia surgiu em 2008, quando dois designers possuíam um espaço livre e acomodaram três viajantes que procuravam um lugar para ficar. A partir desse acontecimento, os profissionais passaram a desenvolver um projeto e se reiterar de como funciona as construtechs para implementar a ideia no mercado.
O Airbnb recebeu diversas injeções de fundos, possibilitando que a ideia saísse do papel e se tornasse a potência que é hoje.
Este é somente um exemplo, há várias construtechs distribuídas nas mais diversas áreas do ramo de construção e imobiliária. O uso da tecnologia pode ser aplicado em processos de gestão e integração de documentos, otimizando, assim, a precisão nos relatórios.
A tecnologia também pode facilitar nos processos relacionados ao monitoramento remoto de sistemas prediais, assim como nas análises preditivas e no gerenciamento de ativos.
Exemplos de construtechs no mercado brasileiro
Segundo estudos da Construtech Ventures, já citados em alguns momentos por aqui, existem aproximadamente 350 empresas de tecnologia no Brasil que se enquadram em startups construtech, ou seja, fazem parte de setores da Engenharia, Construção ou Imobiliário.
Essas empresas atuam nos mais diversos setores: gestão de documentos, compra, gestão de estoque, canteiro de obras, conteúdos especializados, venda e aluguel de imóveis, processos construtivos e mais.
Veja algumas construtechs brasileiras que buscam revolucionar o mercado da construção civil:
Coteaqui
A Coteaqui é uma startup para orçamento e compras. Ela criou uma plataforma de negociações on-line que visa fazer a ponte entre fornecedores de material de construção e construtoras.
Molegolar
Molegolar é uma construtech de materiais que tem como objetivo criar obras modulares flexíveis. Em outras palavras, a startup possibilita que o cliente aumente ou diminua a sua planta conforme a fase da vida que se encontra.
Construcode
Voltada para a área de canteiro de obras, a plataforma Molegolar transforma as plantas das obras em etiquetas digitais que podem ser acessadas por celulares e tablets.
O aplicativo gera etiqueta QR Code que ao ser acessado disponibiliza a visualização das plantas em 2D ou 3D, ajudando na tomada de decisões estratégicas.
Neogyp
A Neogyp é uma startup de materiais que desenvolve alvenaria modular de gesso ultrarresistente. Essa tecnologia torna o projeto mais econômico, rápido e sustentável. Ela ainda possui um sistema (Sistema Construtivo Neogyp) que suporta o peso da construção sem que sejam implementados pilares ou vigas.
Constructweb
Construct Web é um sistema criado para acompanhar a obra de maneira on-line. Ele possibilita a realização de orçamentos detalhados, criação de contratos, controle de documentos e contas, gestão de equipamentos e geração de relatórios de segurança, tudo de forma integrada.
Sii technology
A construtech Sii Technology desenvolveu um hardware que faz uso da internet das coisas (IoT) com objetivo de monitorar as variáveis dos ambientes em edifícios. Assim, através dele é possível ter controle quanto ao sistema de iluminação, áudio e clima. Além disso, ele faz a requisição de manutenção de equipamentos necessários no prédio.
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Construtechs e a indústria 4.0
A indústria 4.0 já é uma realidade, mas ela é pautada pelas inovações tecnológicas, ou seja, sem a revolução não é possível desfrutar das soluções que ela oferece. Diante desse novo cenário, a era digital para o âmbito da construção civil, engenharia e do ramo imobiliário será um item de sobrevivência.
Empresas que apresentarem ideias inovadoras hoje estarão à frente quando o mercado se sobressair e buscar alternativas que aumentem a eficiência dos negócios, que previna falhas e evite acidentes, diminua o tempo gasto no período de construção e, ainda, os recursos utilizados. Os índices de hoje já mostram essa procura e a tendência é que ela só aumente.
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