Empreendedorismo social e investidores anjo: como funciona?

O empreendedorismo social consiste no desenvolvimento de produtos e serviços para reduzir ou minimizar um problema. Saiba como funciona!

O empreendedorismo social consiste no desenvolvimento de produtos e serviços para reduzir ou minimizar um problema. Veja como funciona, quais as vantagens  e quais são as startups da modalidade.

O empreendedorismo social é um dos novos conceitos entre os empresários, com expectativa de ser uma tendência nos próximos anos. Diz respeito a ter lucro com impacto social positivo. Ou seja, desenvolver uma solução pensando em gerar transformações para os envolvidos. Seja uma comunidade, seja uma região ou um setor.

Vale dizer que não é o mesmo que assistência e ativismo social. Nestes modelos, o objetivo é criar uma solução a partir de um problema. Já a modalidade de empreendedorismo, que pode ser realizada por startups, consiste em desenvolver ações para a melhoria da sociedade. 

Os três principais pilares do conceito são: a eficácia, a produtividade e a sustentabilidade. Paralelamente, considerando as mudanças no padrão de consumo, propiciadas pelo surgimento das novas tecnologias, é um segmento para ficar de olho. Ainda mais porque estamos em uma era na qual há a valorização de empreendimentos humanizados.

Pensando nisso, preparamos um guia sobre o tema, respondendo as principais dúvidas. Acompanhe!

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O que é empreendedorismo social

O empreendedorismo social busca promover transformação por meio de elementos presentes no cotidiano de uma empresa ou de uma comunidade. Com o uso da tecnologia e da inovação, seu propósito é gerar impacto positivo. Este movimento, de mudar vidas, pode acontecer com ou sem fins lucrativos.

Neste contexto, surgem as startups de impacto social, que desenvolvem soluções disruptivas para problemas reais. O valor aportado costuma ser utilizado para aprimorar o projeto, melhorando ainda mais os seus resultados. As principais áreas de atuação da modalidade são:

  • educação;
  • violência;
  • saúde;
  • alimentação;
  • meio ambiente;
  • entre outros.

Dessa forma, seu objetivo é garantir uma qualidade de vida mais justa para todas as pessoas. Em outras palavras, reduzir a desigualdade, a exploração, a falta de estrutura em alguns locais etc. Para isso, são criados não só negócios que geram lucro, como, também, oportunidades de mudança.

Em 2017, o Sebrae, em parceria com o PNUD, mapeou mais de 800 iniciativas de impacto social. Ao todo, elas movimentam cerca de US$60 bilhões em um nível global. Lado a lado, segundo um estudo da Liga Ventures em 2018, são mais de 217 startups na modalidade, 

Qual a diferença entre o empreendedorismo social e o tradicional

A principal diferença entre os dois modelos de empreendedorismo, social e tradicional, está na motivação. Em um, o principal propósito é a transformação social. No outro, o lucro independente do método. Isso não quer dizer que o empreendedorismo social não visa o lucro. Apenas que não é a sua prioridade.

No modelo tradicional, a empresa cria métodos, produtos e serviços para lucrar. O dinheiro ganho é utilizado para aumentar o faturamento. Os negócios da categoria podem sim fazer ações sociais, no entanto, não é sua prioridade. Além disso, sua solução é direcionada para um público específico, com poder aquisitivo.

Já no empreendedorismo social, sua finalidade é atender grupos mais necessitados. Pessoas marginalizadas que, possivelmente, não teriam condições de contratar o tradicional. Isso sem falar que a sua prioridade é modificar a vida desses indivíduos. 

Portanto, o objetivo de ajudar é legítimo. 

Não é para gerar publicidade positiva ou encenar um papel de consciência social. É para transformar vidas e contribuir para um mundo melhor. Algumas características gerais da modalidade:

  • é direcionado para populações de baixa renda;
  • tem uma gestão eficiente;
  • tem responsabilidade com o seu público e com os seus resultados;
  • o impacto social é a sua prioridade;
  • surgem atrelados a inovação e a adaptação constante.

O interessante das startups de impacto social é que elas conseguem ir além disso. Por não estarem associadas ao governo, podem explorar novas áreas e apresentar soluções pouco usuais. Além disso, devido ao fato de serem negócios de crescimento exponencial, podem atingir resultados ainda melhores.

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Quem faz o empreendedorismo social no Brasil

O empreendedorismo social vem sendo um importante aliado para promover mudanças no Brasil. Desde questões envolvendo o saneamento básico à acessibilidade à educação, separamos algumas iniciativas crescentes nos últimos anos. 

Veja, a seguir, 5 startups com impacto social que valem a pena ficar de olho e procurar saber mais.

Biosolvit

A Biosolvit é uma startup focada no empreendedorismo social, que busca auxiliar na recuperação da natureza. Ganhadora do prêmio Blue Bio Value 2019, a empresa brasileira atua em três frentes: sustentabilidade, pesquisa e desenvolvimento, e carreira. Você pode tanto adquirir a sua solução, como encontrar parceria para desenvolver um projeto.

Entre um dos seus produtos mais populares, está um absorvedor orgânico de petróleo, produzido a partir de palmeiras. Além da sua própria estrutura não poluir o meio ambiente, ainda ajuda a absorver e reaproveitar o combustível fóssil. Como resultado, reduz a emissão de gases tóxicos e a própria poluição.

Outra frente de trabalho é o desenvolvimento de novas tecnologias a partir dos resíduos de lavouras e/ou processos industriais.

TiX

Parte do portfólio da Singularity University, a startup de impacto social visa facilitar a mobilidade urbana. Tudo começou em Belo Horizonte (MG) em 2009, quando a TiX, antiga Geraes, levou acessibilidade para o transporte público. Logo após, a empresa expandiu suas frentes de atuação, auxiliando na inclusão escolar.

Em 2019, foi declarada como a startup mais inovadora da América Latina. Hoje em dia, a empresa utiliza tecnologias assistidas para facilitar o processo de aprendizado. Um exemplo disso é o Teclado Inteligente Multifuncional (TiX), ideal para quem tem deficiências mais severas.

O objetivo do aparelho é captar o piscar de olhos para facilitar a comunicação. Por causa deste e de outros projetos, a empresa de empreendedorismo social vem chamando atenção nos últimos anos. Além da premiação já citada, no mesmo ano, ficou no 2º lugar das 100 Startups To Watch.

Um pouco depois, ainda em 2019, ganhou mais três premiações nacionais e internacionais.

Raízs

Voltada para o setor das foodtec s, a Raízs aumentou a acessibilidade a produtos orgânicos. Para muitos brasileiros, os alimentos eram considerados fora do orçamento pelo alto valor agregado. Pensando nisso, com o uso das tecnologias, a startup de impacto social automatizou o processo.

Como consequência, deixou toda a cadeia produtiva mais barata. Tanto que os seus produtos são cerca de 30% mais em conta que um produto semelhante vendido no supermercado. Logo, pessoas de diferentes classes sociais podem consumi-los. Para mais, a empresa também auxilia na economia ….

Com uma rede de parceiros em todo o país, pequenos agricultores têm a oportunidade de vender seus produtos e lucrar. Isso sem falar que a Raízs possui um serviço de delivery, com entrega para todo o Brasil

Signa

Direcionada para a comunidade surda, a Signa ficou entre as seis melhores do mundo por promover a educação para surdos. Criada em 2016, a startup de empreendedorismo social aumentou o número de oportunidades para surdos e ajudou na capacitação. Um dos seus principais recursos é uma plataforma de cursos online.


Todos legendados e em libras, o objetivo é a preparação para o mercado de trabalho. Os seus cinco cursos mais vendidos são:

  • Excel básico;
  • ASL;
  • Fotografia;
  • Matemática;
  • HTML.

Todos os cursos possuem certificado, com preços a partir de R$9,90. Nas opções mais recentes, há aulas de design, gramática, confeitaria, entre outros.

Guiaderodas

O propósito do Guiaderodas é oferecer roteiros acessíveis para deficientes físicos. Mais especificamente, usuários de cadeira de rodas. Fundada em 2001, a startup já possui localidades mapeadas em todo o mundo, com o próprio usuário sendo um avaliador.

A comunidade da empresa é formada por pessoas e empresas que acreditam na causa e querem um mundo acessível. É uma plataforma colaborativa, com aplicativo próprio, em que a interação é incentivada. Devido ao seu impacto social positivo, o Guiaderodas recebeu duas premiações da ONU e mais sete premiações nacionais e internacionais.

Como fazer empreendedorismo social

O empreendedorismo social se ancora em alguns pilares. Oferecer soluções inovadoras para problemas sociais. Resolver a situação de maneira sustentável, sendo que o resultado dessa ação pode ou não gerar lucros. Dessa forma, para criar um projeto, é preciso encontrar uma causa, escolher um modelo de negócio e buscar apoio.

Podem ser investidores-anjo ou, até mesmo, campanhas de financiamento coletivo. Depois disso, quando for estruturar o seu negócio, é fundamental pensar de forma escalonada e sustentável. Nesta lógica, a sustentabilidade financeira é tão importante quanto todas as outras etapas.

Lembrando que o propósito de uma empresa social é desenvolver um produto ou serviço capaz de causar impacto positivo.

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Por que empreender socialmente

O empreendedorismo social gera renda à medida que contribuímos para um mundo melhor. Ainda que o lucro não seja a sua prioridade, ele pode acontecer. Com uma gestão eficiente, é possível implantar mudanças e fazer a diferença. Tudo isso ancorado na inovação e na adaptabilidade do mercado.

Para muitos empreendedores, apostar na modalidade é uma forma de garantir marketing espontâneo. Em Marketing 4.0, Philip Kotler e Setiawan explicam que estamos em uma nova era do consumo. As pessoas não querem mais só consumir por consumir. Elas querem comprar de empresas que possuem valores semelhantes aos seus.

À vista disso, esse tipo de negócio é uma forma de atribuir valores a sua marca e humanizar o seu investimento. Ambos posicionamentos essenciais para o sucesso de qualquer empreendimento.

Como vimos ao longo deste artigo, o empreendedorismo social é um campo crescente. O seu propósito é elaborar e planejar ações capazes de gerar impacto social positivo. Ações as quais, muitas vezes, são destinadas para a população marginalizada ou grupos de minoria.

Biosolvit, Tix, Raízs, Signa e Guiaderodas. Para quem deseja investir na modalidade ou abrir seu próprio negócio, já sabe por onde começar.

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