Em menos de quatro anos, o número de investidores no setor das food techs triplicou. Conheça mais do segmento e entenda porque será uma das tendências dos próximos anos.
Em uma época de recursos limitados, a 1ª Revolução Industrial permitiu que não faltasse comida. Séculos depois, na 4ª Revolução ou Indústria 4.0, às food techs modificam a nossa relação com a cadeia produtiva. Desde a fabricação dos alimentos à forma com que acontecem as entregas, quase tudo mudou.
Cerca de ⅓ da comida que produzimos em todo o mundo, é desperdiçada. Isso sem falar nos 263,7 milhões de gases liberados na atmosfera pelas indústrias do setor. Paralelamente, os novos acordos climáticos exigem mudanças. No ritmo em que estamos, nosso planeta entrará em colapso.
Neste sentido, as food techs mostram-se como uma solução. Seu propósito é reduzir os impactos ambientais e modificar a nossa relação com a comida. Modelos sustentáveis para produção de carne e clubes de assinatura focados na experiência do consumidor são exemplos de iniciativas recentes.
A inovação e as tecnologias são peças fundamentais no novo cenário. Até 2020, segundo um relatório da Research and Markets, espera-se que o setor fature US$250 bilhões. Você consegue enxergar a oportunidade para o mercado?
Pensando nisso, ao longo deste artigo vamos explicar um pouco mais do setor e apontar possíveis tendências para os próximos anos. Confira!
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O que é food tech
Food (comida) e tech (tecnologia). As food techs são startups que utilizam da tecnologia para melhorar a agricultura e a produção de alimentos. Como resultado, otimizam, também, a cadeia de distribuição dos mantimentos e o consumo. Tudo isso de forma inovadora e sustentável.
A expectativa é que, até 2050, serão 9,6 bilhões de habitantes no planeta, necessitando de, aproximadamente, 30 milhões de refeições por dia. Portanto, é necessário que a produção de comida aumente em mais de 70% para suprir a demanda. Isso sem acelerar os problemas climáticos já vividos.
Por isso, as food tech estão entre as principais tendências dos próximos anos. Sua finalidade é encontrar uma forma de produzir comida para todos, utilizando menos recursos naturais. Além disso, outros objetivos são tornar a comida saudável mais agradável ao paladar, oferecendo opções mais apetitosas e acessíveis..
As startups na categoria deixam de ser um nicho de mercado para se tornar uma solução para os problemas atuais. Ainda mais considerando as discussões mundiais em busca de alternativas para reduzir a poluição e a emissão de gases estufa.
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Quem são as food techs do Brasil
Alguns exemplos de food techs no Brasil que chamam a atenção são a OneMarket; Snack Saudável; Home Chefs; LiveUp; WineBox; Fazenda do Futuro e Isla Sementes. O setor alimentício é uma das categorias de investimento que mais cresce no nosso país e ganha forças.
São mais de 332 startups brasileiras que são consideradas food techs. Das caixas de assinatura de sementes às cápsulas de cerveja estilo café, os exemplos são variados. Há, inclusive, um unicórnio na categoria que vem se destacando nos últimos anos, o iFood.
A princípio, as empresas são vistas como uma alternativa para a recuperação econômica dos bares após a pandemia. Isso porque nos últimos quatro anos, o número de investidores dentro do segmento triplicou. Têm-se com expectativa que, até 2022, o mercado global de food techs movimente US$980 bilhões.
A seguir, apresentaremos startups do setor que valem a pena conhecer.
OneMarket
A OneMarket é um clube de assinatura direcionado para pessoas que sofrem por restrições alimentares. Diabetes, intolerância a lactose e/ou a glúten, opções não faltam. Os maiores diferenciais da startup brasileira são a variedade de alimentos e o preço mais acessível.
Snack Saudável
A partir de uma dificuldade vivida para encontrar lanches saudáveis para sua filha, uma empreendedora inovou para resolver a situação. A Snack Saudável surgiu com o propósito de ser uma opção saudável para as crianças. Com kits para todas as horas do dia, os produtos ofertados foram um sucesso.
Atualmente, a empresa vende, também, kits para adultos.
Home Chefs
O Home Chefs é um aplicativo, guiado por uma inteligência artificial, que busca facilitar a relação das pessoas com a comida. Para isso, a plataforma sugere cardápios personalizados e lista de compra completa. Sempre respeitando as restrições e os objetivos de cada família.
WineBox
Auto-intitulado como o maior clube de vinhos do mundo, o WineBox oferece uma experiência de sabores com uma curadoria exigente. Com planos a partir de R$69,68, para quem gosta da bebida, é uma oportunidade de viver experiências novas.
Fazenda do Futuro
O propósito da Fazenda do Futuro é criar uma carne vegetal com o mesmo sabor, textura e suculência da carne animal. Contudo, sem sofrimento e com menor impacto ambiental. Seus hambúrgueres à base de plantas, utilizando dessa solução, já são referência mundial.
Isla Sementes
A Isla Sementes é pioneira na comercialização de sementes na América Latina. Do pequeno agricultor ao grande pecuarista, a startup oferta opções para todos os públicos. Ela está há mais de 60 anos no mercado com soluções tecnológicas no setor agrícola. Sempre priorizando opções viáveis e acessíveis.
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O que é uma food tech precisa ter
Diferentemente de uma empresa tradicional do setor alimentício, a food tech utiliza da tecnologia para resolver algum problema. Seja um desafio no setor produtivo. Seja uma adversidade na logística das entregas, a categoria busca soluções inovadoras para questões diárias.
Há quem considere as empresas voltadas ao agronegócio como parte do setor. Outros, discordam da classificação. Por isso, o que é e o que não é uma food tech gera muitas interpretações. O consenso é que é uma empresa de tecnologia e inovação direcionadas ao setor alimentício.
Assim sendo, segundo um mapeamento da Liga Insights, as áreas de atuação compreendidas dentro da categoria são:
- Alimentação em casa e no trabalho;
- Farm-to-table (conecta a produção e o consumidor final);
- Gestão do Varejo (gestão de restaurantes, bares etc);
- Informação e orientação (dietas, restrições alimentares, entre outros);
- Logística e Entrega;
- Marketplace de Alimentos e Delivery;
- Marketplace B2B;
- Marketplace para a Produção;
- Novos Alimentos e Bebidas;
- Novos Canais de Vendas;
- Qualidade e Monitoramento;
- Reaproveitamento de Resíduos e Descartes;
- Serviço em Bebidas;
- Shoppers;
- Tecnologias para Produção.
Quais são os sinais de que uma food tech é promissora
As maiores inovações no setor food tech do brasil aconteceram no produto, não nos processos. Parte disso é por causa das alterações no padrão de consumo e nas empresas. Com as mudanças de valores, destacam-se os negócios que buscam e trabalham por um mundo melhor. Além de claro, resolver problemas diários.
Por exemplo, a indústria da carne é uma das maiores poluentes da atualidade, isso sem falar na crueldade com os animais. À vista disso, cerca de 30 milhões de brasileiros são veganos e vegetarianos. No entanto, por muitos anos, os alimentos da categoria eram caros demais.
Neste sentido, vendo uma oportunidade de mercado, startups criaram soluções revolucionárias para resolver a questão. A OneMarket é uma delas. A Fazenda do Futuro é outro exemplo. Ela encontrou uma forma de criar um produto atrativo, que diminui a poluição causada pela agropecuária.
Em síntese, é perceptível que as pessoas estão em busca de negócios mais sustentáveis, politicamente corretos. Pensando nisso, separamos algumas tendências no setor para ficarmos de olho.
Novos alimentos
Os novos alimentos são produtos feitos com ingredientes alternativos, sem origem animal. Como exemplo, a carne de planta que imita a textura da carne de boi. Ou, até mesmo, os iogurtes e maioneses desenvolvidos pela food tech NotCo, que são 100% vegetais.
Proteínas alternativas
As proteínas alternativas são, como o próprio nome indica, outros tipos de proteína para substituir a carne da pecuária. Uma delas, ainda tratada como tabu no Brasil, é o consumo de insetos como parte da dieta calórica. Porém, nesse caso, antes de virar uma tendência, existem alguns problemas burocráticos pendentes.
Alimentos personalizados
Produzidos a partir da impressora 3D, os alimentos personalizados são feitos conforme a necessidade das pessoas. Para isso, um sistema de inteligência artificial faz um cruzamento de dados de exames médicos para criar alimentos exclusivos. Sempre considerando restrições alimentares e outros problemas.
Super Foods
Alimento com alto teor e densidade nutricional, os super foods são os alimentos que trazem benefícios para a saúde. Sem aditivos químicos ou outros tipos de insumos, a produção é totalmente orgânica. Um exemplo de um produto que vem se destacando é a kombucha.
A bebida, que é naturalmente frisante, possui um aspecto semelhante ao refrigerante. Contudo, não faz mal à saúde e é feita de forma 100% natural.
Embalagens compostáveis
As embalagens no modelo atual de produção de alimentos são outro problema. O plástico demora cerca de 500 anos para se decompor. Polui e resulta no acúmulo de lixo. Pensando nisso, já existem startups focadas em embalagens compostáveis.
No mercado food tech brasileiro, dois modelos chamam atenção. Primeiro, as embalagens degradáveis com cana de açúcar. Segundo, as feitas de mandioca.
Praticidade
Com a nossa rotina corrida, obviamente, alimentos práticos estão entre as principais tendências do ano. Neste sentido, observa-se uma crescente tanto em empresas de entrega, quanto de alimentos pré-prontos.
Como vimos ao longo deste artigo, as startups food tech possuem expectativas de crescimento para os próximos anos. Além de conseguirem resolver problemas cotidianos, são fundamentais para modificar a nossa cadeia produtiva. Os padrões de consumo mudaram.
Agora, as pessoas se preocupam com a origem dos seus alimentos e com um modelo sustentável de produção.
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