A insurtechs são a disrupção necessária para acelerar e modernizar o mercado de seguros. Entenda o que elas são, as principais categorias e o que saber antes de investir.
Somente em 2016, o mercado brasileiro de seguros movimentou R$239,9 milhões. Mesmo com as limitações técnicas e burocráticas existentes no setor, ainda é um dos segmentos que mais cresce anualmente. Neste contexto, as insurtechs surgem como a solução ideal.
Elas oferecem uma forma simples, rápida e facilitada de contratar um plano de seguro. Logo, solucionam as questões burocráticas do mercado tradicional que, muitas vezes, são um impeditivo. Isso sem falar em várias outras vantagens que a categoria traz para o consumidor e para a seguradora.
Pensando nisso, ao longo deste artigo, você entenderá o cenário atual do mercado das fintechs de seguro. Veja as principais empresas da categoria, as tendências para os próximos anos e o que saber antes de investir. Confira!
O que é uma insurtechs
O termo insurtechs serve para descrever e nomear um modelo crescente no segmento das seguradoras. As startups que mesclam seguro e inovação para romper com o excesso de burocracia dos modelos tradicionais. Burocracias as quais, muitas vezes, desconsideram o real interesse do cliente e prejudicam o processo como um todo.
Com o uso das tecnologias, essas empresas estabelecem um formato mais eficiente e econômico de negócio. Diferente das grandes seguradoras, que prezam pela estabilidade, a busca pela inovação e pela novidade são prioridade. Como resultado, as principais vantagens são:
- redução dos preço dos contratos;
- diminuição da burocracia;
- implantação de novos produtos mais eficazes;
- aceleração dos processos como um todo.
Neste cenário, as startups utilizam de recursos da Indústria 4.0. para aprimorar os processos produtivos e o relacionamento com o cliente. Inteligência artificial, machine learning e data science são exemplos disso. Quando empregues de forma correta, oferecem uma solução ainda mais assertiva para todos os envolvidos.
Quais são os principais tipos de fintech de seguro
Um levantamento feito pelo Distrito em 2020 mapeou 113 startups categorizadas como fintech de seguros. Foram identificados quatro tipos principais:
- marketplace e comparação;
- produto e distribuição;
- infraestrutura e backend;
- serviços adicionais.
Marketplace e comparação é o nome dado às empresas que funcionam como distribuidoras, ofertando os principais produtos de uma seguradora. Não é preciso um corretor e nem nenhuma burocracia para ter acesso às soluções. Dessa forma, para as seguradoras, a principal vantagem é a praticidade e a acessibilidade.
Já produto e distribuição são startups que trazem produtos inovadores, muitas vezes, inéditos no mercado. Por conseguinte, apresentam mais opções para o cliente final, aumentando a assertividade. Por outro lado, para as seguradoras, cria um diferencial competitivo.
Infraestrutura e Backend diz respeito às startups que criam soluções para acelerar os processos internos e externos de uma seguradora. Assim sendo, auxiliam na tomada de decisão, redução de custos e taxas, entre outros.
Por fim, Serviços Adicionais consistem nas empresas que trabalham com soluções para o mercado de processos. Isto é, descentralizar a tomada de decisões e criar um método customizado para a maior eficácia dos processos. A principal vantagem da categoria é a aceleração das e a maior satisfação do consumidor.
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Quais são as insurtechs com maior destaque
O mercado de seguros foi responsável, em 2018, por 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Ou seja, foram cerca de R$ 444,9 bilhões arrecadados. Ainda que 10 das maiores seguradoras do Brasil representam 75% desse valor, é crescente o número de insurtechs.
Quando comparado ao mercado dos Estados Unidos, os dados revelam um cenário interessante. Em 2017, enquanto no Brasil, as fintechs de seguro correspondiam a 3,3% do PIB, nos Estados Unidos,11,3%. Mesmo as taxas sendo menores, é inegável a oportunidade para os próximos anos.
Ainda mais quando observamos o que esses números representam de fato. Mais de 90% dos norte-americanos possuem seguro de saúde. Enquanto isso, somente 28,5% dos brasileiros tem plano de saúde. Isso considerando convênio odontológico e médico.
O seguro de carro custa, em média, US$1.457 lá. Aqui, não temos um valor preciso. Sabemos, apenas, que pagamos mais caro e 70% dos nossos carros não possuem nenhum tipo proteção. Novamente, é neste contexto que as startups da modalidade podem crescer.
A título de curiosidade, de 2018 a 2020, no nosso país, houve um aumento de mais de 47% na categoria. Quase metade das startups atuais surgiram nos últimos quatro anos. Paralelamente, conforme o ranking InsurTech 100, um levantamento com as startups mais inovadoras do mundo, duas delas são brasileiras
Pensando nisso, reunimos às sete insurtechs, brasileiras, que mais se destacaram nos ultimamente. Priorizamos por startups com alto faturamento e/ou valorizadas pela solução inovadora.
Kakau
Totalmente digital, na Kakau, você pode contratar e cancelar o seu seguro com poucos cliques. Tudo isso no próprio aplicativo da insurtech e de modo simplificado. Um dos seus principais recursos é o uso de inteligência artificial para acelerar o tempo de resposta.
Parceira das maiores seguradoras do Brasil, todo o processo é transparente e acessível. De acordo com a empresa, seu propósito é transformar os seguros em uma ferramenta de inclusão financeira e social.
88i
A 88i Seguradora Digital se intitula como a primeira seguradora digital focada nos clientes e prestadores de serviço. Dessa forma, seu principal objetivo é trazer inovação com inclusão, sempre de forma tecnológica. A inteligência artificial é um dos seus principais recursos utilizados a fim de transformar e democratizar os seguros.
Além das soluções voltadas para o universo digital, a fintech de seguros é focada no bem estar e na saúde. Por isso, oferece, também, soluções em telemedicina e uma cobertura específica em caso de acidentes. Entre os seus principais parceiros estão o PicPay, vá de táxi, biffy, entre outros.
Youse
Mais uma seguradora 100% digital, os yousers (usuários da plataforma) podem personalizar e contratar planos conforme necessidade. Para isso, basta acessar a Youse pelo computador ou smartphone. Em caso de dúvidas, a empresa possui atendimento 7 dias por semana, 24 horas por dia.
As três principais linhas de segura são: auto (para automóveis), residencial e de vida. Um de seus maiores diferenciais é a possibilidade de contratar um plano mensal, sem comprometer o limite. Caso seja do interesse, é possível, também, contratar um plano anual e dividir em até 4 vezes.
Ciclic
Com a Ciclic, você contrata o seu seguro totalmente digital e de forma simplificada. Parceira da Principal Financial Group e BB Seguros, a insurtech oferece seguros, consultas online e medicamentos com desconto. Isso sem falar em planos previdenciários e opções de empréstimo de até R$50 mil.
Um dos seus serviços que foi destaque durante a pandemia foi o plano de seguro residencial. A partir de R$10 por mês, o usuário poderia contratar uma solução na plataforma. Além disso, em seu aplicativo, é possível fazer um plano de investimento a partir de R$1.
Minuto Seguro
A Minuto Seguro é referência em atendimento humanizado e gestão de crises.Ela é reconhecida pelo ReclameAqui por responder todas as reclamações de seus consumidores e solucionar problemas com velocidade. Para além, no uso de inteligência artificial e outros recursos para responder dúvidas e auxiliar os usuários.
Em 2019, a fintech de seguros recebeu US$60 milhões em investimentos de dois fundos estrangeiros, a Redpoint e ventures. O aporte foi utilizado para aprimorar ainda mais a tecnologia já existente.
Gesto
A Gesto foi a primeira startup de saúde, que trabalha com seguros, a participar do programa de aceleração do Google. Seu maior diferencial é oferecer uma forma inteligente de gerenciar e cuidar do ciclo de saúde empresarial. Para isso, a empresa propõe soluções pensadas seguindo as necessidades de cada negócio.
Mais que isso, uma forma leve e simplificada para auxiliar o RH com as questões burocráticas. 24 horas por dia, 7 dias por semana, a insurtech disponibiliza atendimento veloz e eficiente. Seja para contratar o seu plano, seja para decidir qual o melhor modelo para reduzir custos, a equipe irá ajudar.
Segurize
Indique seus amigos, ganhe pontos e troque por prêmios. Essa é a proposta principal da fintech de seguros, Segurize. Assim como outros exemplos citados na lista, seus serviços buscam facilitar e aproximar pessoas e negócios. Parceira do Bradesco e da Inovabra Startups, é conhecida como Uber dos Seguros.
Criada em 2016, a startup se inspirou no próprio Uber e na Airbnb para trazer mais visibilidade para os seguros. 100% online e seguindo a legislação do Brasil, a empresa conta com parceiros internacionais.
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O que esperar do segmento para os próximos anos
A primeira insurtech surgiu em 2010 nos Estados Unidos, Reino Unido e Singapura, mas já é tendência também no Brasil. Segundo uma pesquisa feita com 47 mil pessoas em 2020, uma em cada cinco delas têm medo de ataques cibernéticos. Durante a pandemia, em específico, houve uma crescente na busca por segurados voltados à rede.
Lado a lado, com as pessoas passando mais tempo em casa, novas e antigas modalidades estão se tornando prioridade. Um exemplo disso é o seguro residencial, em que 53% dos entrevistados demonstraram interesse em contratar.
Como vimos na nossa lista de seguradoras, outro movimento chama atenção. O domínio de empresas que oferecem soluções 100% digital. As insurtechs permitem que seja possível contratar os seguros em qualquer hora ou lugar.
Para mais, outras duas tendências para os próximos anos é o fim da burocracia e a adesão de novos valores. Um exemplo disso é a fintech de seguros ThinkSeg. Em vez de avaliar o cliente a partir de valores genéricos, com um aplicativo, a startup analisa como ele dirige.
Dessa forma, aumenta a assertividade do serviço oferecido e reduz burocracias desnecessárias, que não agregam valor a solução.
Quais são os cuidados para quem quer investir
Para os investidores anjos que decidem investir em insurtechs, é preciso ter cuidado. Ainda que muitas startups tragam ideias revolucionárias, existe um motivo para as seguradoras tradicionais relutarem em se adaptar. As questões legais e burocráticas são, muitas vezes, um impeditivo para a inovação.
Por isso, são assuntos que precisam ser estudados para evitar complicações futuras. Portanto, tenha uma bagagem legal e compreenda a legislação a respeito. Inclusive, muitas das pessoas que decidem fundar ou investir no setor possuem experiências em seguro ou gerenciamento de riscos. Quanto mais informação, melhor.
Em síntese, nada impede de inovar em um setor tradicional. Entretanto, aja com cautela. É a melhor forma de garantir que o seu investimento valerá a pena.
Ao longo deste artigo, conhecemos as insurtechs e entendemos a importância delas para a desburocratização do setor de seguros. Mais que isso, compreendemos como podem ajudar a acelerar e otimizar os processos, além de aumentar a satisfação do consumidor.
No Brasil, ainda que as empresas mais tradicionais sejam responsáveis pela maior parte do faturamento, os números são crescentes. De 2018 para 2020 houve um crescimento de mais de 47%. Para além, mais da metade das fintechs de seguro surgiram nos últimos anos.
Paralelamente, para quem for investir, é preciso ter cuidado e buscar se informar. Por ser um setor regulamentado por legislações próprias, a inovação pode ter limitações. Antes de tomar qualquer decisão, compreenda o que é e não é permitido.
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