Você tem um projeto, mas precisa de capital para alavancar seu negócio? Talvez seja o momento para procurar um investidor anjo. Muitas vezes, uma empresa com tremendo potencial de mercado fica estagnada por não ter investidor.
O investidor anjo atua justamente nesse contexto. Ele investe dinheiro, tempo e conhecimento para ajudar o empreendedor a ampliar seus horizontes. Com dinheiro em jogo, o investidor anjo tem total interesse em fazer o negócio dar certo.
Dessa forma, ele se torna um mentor e orientador muito importante para o empreendedor, principalmente para negócios que se encontram em estágio inicial. Neste artigo, você vai entender mais como funciona o investidor anjo, vantagens e desvantagens.
Mas afinal o que é um investidor anjo?
O investidor anjo é um experiente profissional, em geral empresários e executivos de sucesso, que se dispõe a investir tempo e patrimônio em novos negócios, como startups.
Apesar do nome anjo, o investidor não tem motivações caridosas ou filantrópicas. A operação é similar a um empréstimo. No entanto, o investidor anjo aposta que o negócio terá grande potencial de crescimento, tornando-se sócio minoritário. Com isso, ele poderá recuperar seu investimento anjo, em forma de rendimentos.
Origem do termo
Investidor anjo é uma tradução livre do termo Business Angel que surgiu nas primeiras décadas do século 20. O termo era utilizado para se referir aos empresários e executivos que patrocinavam os shows da Broadway, em Nova Iorque.
Esses investidores compartilhavam com os produtores dos espetáculos os riscos e lucros de cada projeto.
Com o passar dos anos, o termo evoluiu e atualmente é usado para designar profissionais maduros e bem-sucedidos que podem fazer investimentos de alto risco em novos negócios.
Além de injetar capital financeiro, o investidor anjo também fornece dicas de gestão, logística, finanças e ajuda o empreendedor a desenvolver sua rede de relacionamentos.
Apesar da participação minoritária e de ter um importante papel na tomada das decisões, o investidor anjo não tem posição executiva no negócio. Sua atuação se assemelha a de um conselheiro que age no momento certo e com estratégias direcionadas para o negócio crescer e gerar lucros.
Geralmente, quando a empresa atinge um determinado porte, o investidor anjo vende sua participação para os donos ou outros interessados. Os fundos de venture capital costumam investir nesse tipo de negócio.
A importância do investidor anjo
Empresas inovadoras, como as fintechs, precisam de uma figura importante como o investidor anjo. Ele está disposto a investir tempo, dinheiro e expertise para apoiar novas ideias.
Ademais, muitos negócios iniciais não possuem garantias para pedir empréstimos em instituições financeiras. Quando conseguem, os valores são astronômicos, pois refletem o risco.
Por outro lado, o investidor anjo é menos burocrático e está disposto a correr mais risco por menor valor, o qual será cobrado de maneira proporcional ao crescimento do negócio. Entre outras palavras, ele vai estar comprometido para que a empresa dê certo.
Tipos de investidores anjo
Muitos investidores anjo buscam retornos financeiros maiores do que se investissem no mercado de ações. Outros têm interesse em trabalhar com um segmento específico, pois tem experiência na área.
Para se tornar um investidor anjo credenciado, é preciso ter um patrimônio líquido de mais de um milhão de reais ou ser alguém que receba mais de duzentos mil reais em rendimentos.
Entretanto, o investidor anjo pode ser qualquer pessoa que investe seu próprio dinheiro numa empresa em fase inicial. Conheça os principais tipos:
Família e amigos – Normalmente, é a fonte mais comum de investimento de startups.
Grupos – União de vários investidores anjo para aumentar o nível de investimento potencialmente.
Indivíduos ricos – Empresários, advogados e médicos bem-sucedidos e com alto patrimônio líquido que estão dispostos a investir capital em troca de uma participação no negócio, que pode variar entre 5% e 30%.
Crownfunding – é um grupo grande de pessoas que investem pequenas quantias de capital para realizar um determinado objetivo financeiro.
Lei do investidor anjo
A Lei Complementar nº 123/2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da empresa de pequeno porte, foi alterada 10 anos depois pela Lei Complementar nº 155/2016, para inclusão do investidor anjo.
O artigo 61-D da Lei nº 155/2016, parágrafo 4, afirma que “os fundos de investimento poderão aportar capital como investidores anjos em microempresas e empresas de pequeno porte”.
Com isso, os fundos são incentivados a disponibilizar recursos para empresas em etapas iniciais e menores.
Além disso, a lei trata de várias premissas para resguardar tanto os donos das startups, quanto os investidores anjos. Por exemplo:
- Sócios e CEOs das empresas passam a garantir que o investidor não irá interferir em suas decisões, apenas aconselhar a respeito.
- O investidor anjo não pode ser responsabilizado por dívidas da empresa, incluindo débitos à recuperação judicial. Seu papel está limitado ao investimento de capital financeiro e intelectual.
- Caso o proprietário deseje vender a empresa, o investidor tem a preferência da compra.
- O investimento do “anjo” pode ser estendido pelo prazo máximo de 5 anos. Além disso, ele precisa esperar, pelo menos, 2 anos para ter o direito ao resgate do capital investido.
Como está o mercado de investidor anjo no Brasil?
Esse mercado no Brasil é relativamente novo. Somente em 2016, com a legislação, ele passou a ter mais estímulo e proteção.
De acordo com a pesquisa realizada pela Organização Anjos do Brasil, em 2019, o aporte dos investidores em novos negócios foi de aproximadamente 1,1 bilhão de reais.
Atualmente, são quase 9.000 investidores anjo no Brasil, sendo que os setores mais procurados para investir são: startups de educação, saúde e na área de agricultura.
Em 2020, como impacto mundial da pandemia pelo Covid-19, o mercado sofreu uma queda de 20% em relação a 2019 e seu potencial crescimento no ano. Mesmo assim, o mercado segue sendo vantajoso e em ascensão. Os principais investidores anjo no Brasil são:
Benício Filho – Empreendedor do segmento de Tecnologia. É fundador do Grupo Ravel de tecnologia, sócio da Core Angels, Conexão Europa e Atlantic Hub. Possui cerca de 30 startups no seu portfólio.
Além disso, dá mentoria em programas de aceleração do Sebrae e do Governo Federal.
Camila Farani – Uma das maiores investidoras anjo do país. É especialista em lideranças femininas e atua como co-fundadora do Mulheres Investidoras Anjo.
Fundou a Butique de investimento G2Capital, foi presidente da Gávea Angels, um dos primeiros grupos do mercado no Brasil.
Além disso, faz consultoria na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Camila faz parte da banca de empresários do programa Shark Tank brasileiro.
João Kepler – Já investiu em mais de 500 startups. Atualmente, participa de mais de 400. É o lead partner da Bossa Nova Investimentos, considerado o melhor grupo de investidores anjos pelo Startup Awards.
Vantagens de ter um investidor anjo
Atualmente, a taxa Selic no Brasil está num nível baixo. Portanto, investir em empresas que possuem grande potencial de crescimento é uma excelente opção para investidores que desejam diversificar sua carteira de investimentos.
Para o empresário, as vantagens de ter um investidor anjo são diversas. Confira as principais:
- Capital para investir na sua startup
- Rede de relacionamentos e contatos que vem com o investidor anjo pode fazer uma empresa decolar.
- Não há garantia, ou seja, você não precisa oferecer bens pessoais.
- Acesso à expertise, conhecimento e experiência do investidor no seu segmento.
- Mentoria e gerenciamento
- Contrato mais flexível para retorno do investimento.
- Credibilidade para seu negócio por ter um associado de renome no mercado.
Desvantagens de ter um investidor anjo
O investidor anjo não entra no seu negócio por caridade. Ele investe, pois acredita no potencial da startup e aposta num crescimento rápido, gerando lucros.
Pensando nisso, há algumas desvantagens em ter um investidor anjo. As principais são:
- Para investir no seu negócio inicial, o investidor anjo pode cobrar porcentagem de participação na empresa, podendo chegar até 50%.
- O investidor participa das decisões da empresa e precisa ser informado do andamento das operações. Isso pode gerar incômodo para os empreendedores que são mais controladores.
- Limitação de lucro futuro. Com a participação do investidor na empresa, o empreendedor limita seu lucro futuro, quando a empresa crescer.
- Investidor anjo não é banco. Geralmente, ele faz um aporte único e espera receber nos períodos acordados contratualmente.
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Como decidir se o investimento anjo é certo para sua empresa?
Antes de procurar um investidor anjo para sua startup, é importante que você desenvolva um plano de negócios abrangente, completo e convincente. Isso precisa incluir detalhes sobre seu segmento e público-alvo, planos de comercialização e projeções financeiras. Esse plano é imprescindível.
Ao encontrar um investidor anjo, coloque por escrito tudo que o investidor anjo está oferecendo para sua empresa. É preciso que os direitos e deveres estejam claros e dentro da lei.
Muitos investidores são mais ativos e controladores e querem contribuir e atuar nas empresas que investem como gerente ou no conselho de administração. Por um lado, o conhecimento é benéfico para seu negócio. Por outro, é preciso explicitar as expectativas de cada um.
Além disso, é fundamental que os papéis e as funções estejam bem claros. Muitas vezes, o investidor anjo tem suas próprias ideias de como operar o seu negócio. Quando as funções estão estabelecidas, a probabilidade de conflitos futuros é reduzida.
De qualquer forma, o investidor anjo pode alavancar os resultados da sua empresa. Seu negócio vai se beneficiar de toda experiência e conhecimento que o profissional possui para aumentar o potencial de lucros. Porém, pese as vantagens e desvantagens do investidor anjo para seu negócio.
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