Oceano azul: entenda melhor a relação com investimento anjo

O oceano azul é uma estratégia que cria ambientes favoráveis que permite aos fundadores e aos investidores de startups focarem nos seus objetivos de crescimento.

Imagine trabalhar em um mercado onde existe pouca concorrência e, além disso, é você que define o valor dos seus produtos e serviços. Sabia que esses são alguns dos resultados obtidos pela adoção da estratégia do oceano azul?

Esses benefícios exemplificados acima, certamente, são parte dos sonhos de muitos empresários e de investidores de startups. Tanto isso é verdade que esse grupo de empreendedores busca esse ecossistema inovador para escapar do mercado tradicional.

A preocupação com os concorrentes e a necessidade de praticar preços compatíveis com o mercado convencional desvia o foco das startups. A boa notícia é que as técnicas do oceano azul driblam esses problemas.

Sabendo da importância desse assunto, nós da Angel Investor Club, elaboramos este artigo para explicar o que é a estratégia do oceano azul e como ela se relaciona diretamente com os investidores anjo e fundadores de startup.

Esperamos que esse material seja mais uma fonte de informação fundamental para o seu negócio. Boa leitura!

O que é oceano azul? 

O oceano azul é uma estratégia de negócios que tem como objetivo reduzir os custos de produção e aumentar o valor dos preços para os compradores. Para isso, ela utiliza inovação e foge da concorrência.

Aquela expressão: “Se não pode vencê-los, junte-se a eles” não se aplica às startups que adotam as técnicas do oceano azul. Em vez de se unirem aos concorrentes, eles criam produtos diferenciados para escapar deles. Essa é uma estratégia mais radical e arriscada, mas com grandes potenciais de retornos e ganho de autoridade. 

Empresas que adotam a estratégia do oceano azul seguem os seus próprios caminhos, não entram em conflito com os concorrentes e nem acatam as regras impostas pelo mercado tradicional. Aqui, a palavra-chave é a inovação, a diferenciação. 

Esse mecanismo trabalha com base em seis princípios que são considerados fundamentais para o desenvolvimento das suas técnicas. 

Os seis princípios do oceano azul são: 

  • reconstrução de barreiras do mercado;
  • concentração e foco no panorama do negócio;
  • busca de segmentos além da demanda existente;
  • formulação de estratégias na sequência adequada;
  • superação dos obstáculos organizacionais tradicionais;
  • orientação para a execução estratégica.

Onde surgiu essa estratégia? 

A estratégia oceano azul surgiu das pesquisas dos professores W. Chan Kim e Renée Mauborgne. Os seus trabalhos foram desenvolvidos na renomada escola de negócios: Institut Européen d’Administration des Affaires (INSEAD), localizada em Fontainebleau, França.

As fontes para esse trabalho — que levou décadas de estudos — foram cerca de 150 diferentes negociações, desenvolvidas no período de 100 anos em diferentes ramos do mercado. A conclusão dos levantamentos desses pesquisadores originou um livro.

O livro “A Estratégia do Oceano Azul” teve a sua primeira publicação em 2005. Tornou-se um best seller. Foi um fenômeno de vendas onde foram comercializados mais de 3,6 milhões de exemplares em 44 idiomas. A leitura desta obra, sem dúvida é fundamental para empreendedores e investidores anjo. 

Após o lançamento do livro, houve muitas perguntas e especulações de defensores do oceano vermelho. Muitos defendem a concorrência e acreditam que seja benéfica. Com base nisso, os autores lançaram uma versão estendida onde esclarecem essas e outras questões. Atualmente o título é: A estratégia do oceano azul: Como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante.

Por que pensar em oceano azul no investimento em startups?

Porque as estratégias do oceano azul viabilizam de maneira eficiente a disponibilidade dos produtos e serviços das startups. Essas empresas trabalham em suas fases iniciais com poucos recursos financeiros e incertezas. Além de precisarem atingir a escalabilidade e replicabilidade de forma rápida.

As técnicas do oceano azul estimulam as startups para a produção de marcas com base nas métricas de produto mínimo viável. Essa prática conhecida como MVP possibilita que essas empresas sejam o mais enxutas possível. Isso favorece a economia dos aportes financeiros realizados pelos investidores anjo.

As recomendações do oceano azul para a busca de águas inexploradas casa com os fundamentos de inovação das startups. Além disso, os segmentos de mercado pouco explorados, às vezes, não têm concorrentes diretos ou indiretos.

Portanto, os players do ecossistema de startups não devem ter dúvidas em seguir as estratégias do oceano azul. Elas não são apenas tentativas e erros, foram desenvolvidas com base na análise de situações verídicas por meio de pesquisadores reconhecidos pelo mercado. 

Dica: Descubra o que é pitch deck para startup e aprenda a fazer!

Qual a diferença entre oceano azul e oceano vermelho?

O oceano vermelho é o ambiente da luta incessante. É o local que exige a sobrevivência a qualquer custo, é onde os predadores estão à espera da mínima distração para atacarem. Traduzindo essa analogia, esse é o ecossistema tradicional do mundo dos negócios.

O vermelho representa o sangue das lutas diárias, é a cor do alerta que um empreendedor deve ficar em constante vigília. Os predadores são os concorrentes e as dificuldades recorrentes dos mercados tradicionais.

O oceano azul é um ambiente com águas límpidas e com poucos riscos. Nessas águas os indivíduos conseguem visualizar o caminho a ser seguido. Esse é um meio ambiente equilibrado, portanto não é necessário se preocupar com os predadores.

Veja abaixo algumas diferenças entre o oceano vermelho e o oceano azul:

Oceano vermelho

  • mercado convencional;
  • métodos de produção tradicionais;
  • muita concorrência;
  • produtos e serviços com baixo custo e poucos lucros;
  • regras de atuação conhecidas e pré-definidas.

Oceano Azul

  • mercado de inovação e tecnologia;
  • métodos de produção próprios;
  • poucos concorrentes;
  • produtos e serviços com preços mais elevados e lucratividade;
  • sem definição de regras.

Como ser uma liderança no oceano azul?

Para se tornar uma liderança de mercado do oceano azul os empreendedores precisam saber atribuir valor às suas marcas. Essa atribuição deve mostrar para os clientes o diferencial dos seus produtos e serviços.

Fazendo isso, os usuários concluem suas compras mesmo que os seus preços sejam considerados caros. Para elaborar essa atribuição de valores e eliminar o trade-off de preço com diferenciação, os especialistas desenvolveram uma ferramenta. É a chamada curva de valor. Para determinar a sua matriz é necessário seguir quatro ações. 

Veja quais são elas:

  • reduzir;
  • criar;
  • eliminar;
  • elevar.

Para você entender melhor vamos detalhar essas quatro ações da curva de valor.

Reduzir

Nessa etapa o analista busca informações com os departamentos de produção. Assim, ele identifica se existem insumos ou serviços no processo produtivo que possam ser reduzidos.

Criar

Uma das premissas do oceano azul para uma startup é a criação de produtos e serviços diferentes dos que já existem no mercado tradicional. Para isso é preciso seguir por caminhos inexplorados.

Eliminar

Essa etapa é mais rigorosa que a de redução. Esse é o momento de eliminar tudo o que não for considerado como essencial. Se tiver alguma dúvida da utilidade de algum serviço ou matéria-prima empregada no processo produtivo eles devem ser eliminados.

Elevar

Para ser referência no mercado e conseguir atribuir maiores valores aos preços é preciso elevar a qualidade. Sendo assim, todos os insumos usados nos produtos ou serviços devem ser qualitativamente superiores aos oferecidos pelo segmento convencional.

Após serem feitas essas quatro ações, os empreendedores e investidores devem analisar a sua curva de valor e comparar com os tradicionais. Isso servirá para certificar que vão oferecer produtos de valor diferenciado.

Mas, ainda há oportunidades no mercado que não foram exploradas?

Sim, sempre existirão oportunidades no mercado que ainda não foram exploradas. As diferentes maneiras de trabalhar, de morar e de se divertir da sociedade abrem novos mercados. 

Imagine, por exemplo, algumas décadas atrás, quem imaginaria que seria possível pagar uma despesa de consumo ou transferir dinheiro para alguém por meio de um aparelho de telefone. Ou abrir uma conta bancária sem mesmo existir uma agência, ou sair de casa. 

A chave para encontrar novas chances para a criação de novas empresas é ficar atento aos gaps do mercado. Praticamente, toda atividade tem uma lacuna que pode ser preenchida por meio de uma solução inovadora e tecnológica.

A vantagem disso é que mesmo grande parte das soluções serem feitas por canais virtuais, os serviços de atendimento presencial continuam sendo úteis. Certamente, as maneiras de trabalhar se modificam, mas vão existir espaço para todos oferecerem os seus produtos.

Quais são os exemplos de oceanos azuis que já se destacam no mercado?

Várias foram as empresas que adotaram as estratégias do oceano azul. A partir disso, elas se destacaram no mercado e obtiveram mais sucesso que as gestões anteriores. Conheça algumas delas e veja o que elas mudaram.

Cirque du Soleil

O Cirque du Soleil se tornou tão diferenciado dos outros que muitos até questionam se ele é um circo. Retirou as apresentações com animais, os vários espetáculos em cada sessão, trocou o público infantil pelo adulto. 

Em contrapartida, contratou os melhores acrobatas do mundo, tornou os seus ambientes mais confortáveis e criou espetáculos únicos.  Aumentou o preço dos ingressos de maneira que atualmente eles são bem mais elevados que os dos circos tradicionais.

Starbucks

Tomar um “cafezinho” em qualquer cidade do mundo não é difícil para ninguém. Mas criar a maior e mais famosa cafeteria do mundo já é um trabalho estratégico. O café da Starbucks realmente não é barato. No entanto, eles oferecem diversos sabores, um espaço confortável, livros, música ambiente e wi-fi. Essa iniciativa tornou essa empresa diferenciada e referência. 

Orquestra Nacional da Juventude do Iraque

No início, essa companhia produzia os seus espetáculos com a presença de profissionais caros e repertório europeu de alta sofisticação. Usou as etapas, eliminar e reduzir, contratou músicos iraquianos jovens de diferentes etnias. As músicas agora remetem às heranças iraquianas. 

Gol Linhas Aéreas 

A empresa brasileira Gol Linhas Aéreas Inteligentes, fundada em janeiro de 2001, não brigou com as gigantes da época. Buscou o seu próprio público e ainda tomou o dos outros. Ofereceu passagens baratas, sem luxo e rotas noturnas. Cresceu 17 vezes em cinco anos e de 5% do mercado da aviação passou a ocupar 37% na época. 

O oceano azul é uma estratégia administrativa diretamente ligada às inovações disruptivas das startups. Tanto as águas dessa metáfora quanto as bases desse ecossistema, pretendem inovar a maneira de fazer negócios. Ambas apresentam soluções sustentáveis, econômicas, abrangentes e acessíveis para o público em geral.

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