Você tem experiência no seu ramo de atuação e quer começar a investir, mas não em um negócio próprio? Se deseja unir o investimento financeiro a um propósito de negócio, saiba que você pode ter potencial para se tornar um investidor anjo.
Nessa modalidade, o investidor sai das opções tidas como tradicionais (como a renda fixa e a variável) e passa a aportar capital diretamente no desenvolvimento de novas empresas, especialmente startups.
Neste artigo, vamos explicar esse conceito com mais detalhe e mostrar questões importantes ligadas a ele. Você verá:
- O que é investidor anjo?
- Quais são as diferenças entre o investidor anjo e os outros investidores?
- Em que o investidor anjo investe?
- Como ser escolhido por um investidor anjo?
- O que é necessário saber antes de se tornar um investidor anjo?
- Vantagens e desvantagens de ser investidor anjo
- Onde um investidor anjo pode procurar ajuda para começar?
O que é investidor anjo?
Investidor anjo é o termo utilizado para se referir às pessoas que decidem investir o próprio capital em pequenas empresas com grande potencial de crescimento, como é o caso das startups.
Esse tipo de investidor tem 3 características principais:
- São profissionais (empresários, executivos ou profissionais liberais) experientes e dispostos a agregar valor ao empreendedor a partir de seus conhecimentos, experiência e rede de contatos. Por isso, também, o investimento anjo é conhecido como smart money (ou negócio inteligente);
- Normalmente tem uma participação minoritária no negócio;
- Não tem posição executiva na empresa, mas assume papel de mentor ou conselheiro.
Esse perfil de investidor não é necessariamente detentor de grande patrimônio, mas tem recursos suficientes para alocar parte de seu dinheiro em um negócio de médio a longo prazo.
Porém, como não se trata de uma atividade filantrópica, é importante ressaltar que esse investidor busca por negócios que aliem alto potencial de retorno a um impacto positivo na sociedade.
Apesar de ainda ser um conceito novo no Brasil, a atividade de investimento anjo ganhou mais notoriedade a partir de 2016, com a implementação da Lei 155/2016, que regulamenta sobre o capital aplicado pelo investidor anjo.
Para segurança de quem escolhe essa modalidade, a lei define que o capital aportado pelo investidor anjo não pode ser considerado como capital social das empresas, ou seja, caso o negócio venha à falência, o investidor anjo não é responsabilizado pelas possíveis dívidas deixadas pela empresa.
Quais são as diferenças entre o investidor anjo e os outros investidores?
A característica principal de um investidor é aplicar capital para obter lucro, porém, o que diferencia o investidor anjo dos demais é o nível de comprometimento e participação no negócio em que decidiu investir.
Um investidor comum, por exemplo, um investidor debenturista, ao comprar uma participação em um negócio através de debêntures fica sujeito às regras estabelecidas nos termos iniciais do investimento.
Portanto, poderá ter seu investimento de volta nos termos e condições pré-determinados na emissão do título. Não existe um comprometimento em participar em nada além do que foi acordado inicialmente, sendo muitas vezes apenas investir financeiramente e acompanhar os rendimentos.
O investidor anjo, por sua vez, tem um perfil diferente. Apesar de não assumir uma posição executiva na administração do negócio, sua função não se limita ao investimento financeiro.
Como se trata de um pequeno negócio, sua atuação é semelhante à de um conselheiro ou mentor que contribui com sua experiência sobre empreendimento e gestão, auxiliando até mesmo no networking. Trata-se do hands-on para que suas expectativas iniciais ao investir sejam consolidadas.
Em que o investidor anjo investe?
Como já identificamos, o investidor anjo tem como interesse as startups. Levando em consideração o perfil de risco desse tipo de investimento, são adotados alguns critérios básicos para que o negócio seja elegível:
- Faturar menos de R$ 1 milhão por ano;
- Apresentar um elemento inovador (podendo ser o produto, o serviço, o processo de fabricação, o modelo de negócio ou a forma de comercializar);
- Ter alto potencial de crescimento e que o negócio seja escalável (tenha capacidade de crescimento sem grande aumento dos custos);
- Fazer parte de um mercado-alvo com valor maior que R$500 milhões por ano;
- Ter um modelo de negócio que não seja facilmente copiado.
Os investimentos mais procurados nos anos anteriores são por empresas que vendem de negócio para negócio (B2B ou Business to Business); seguido por indústrias de bens e consumo que também vendem diretamente ao consumidor (B2B2C ou Business to Business to Consumer); e, por fim, as empresas que vendem diretamente ao consumidor (B2C ou Business to Consumer).
Quanto ao ramo de investimento preferido, parece variar de acordo com o perfil do investidor. Porém, considerando os setores que mais receberam investimento, os cinco principais são:
- Fintech: é uma startup que trabalha para inovar e otimizar serviços do setor financeiro, utilizando a eficiência da tecnologia para oferecer uma alternativa à burocracia e às taxas que dos bancos tradicionais;
- Software e tecnologia de base: são empresas criadas com a finalidade de desenvolver produtos, serviços ou processos produtivos com conteúdo tecnológico novo, ou com aprimoramento significativo de tecnologia;
- Healthtechs: são startups voltadas à resolução de problemas do setor da saúde, propondo desde a otimização da gestão e até o desenvolvimento de tecnologias avançadas para a realização de exames e agendamentos;
- Edtech: são startups do ramo de tecnologia educacional, que visam propor soluções que conectem a tecnologia à realidade de professores, alunos e administradores;
- SaaS, serviços para empresas e HRTech: SaSS são as empresas que disponibilizam aplicações pela internet para realizar variadas tarefas de forma remota. Do mesmo modo, as HRTechs tem o objetivo de aumentar a eficiência e a inteligência do setor, a partir do uso de softwares que automatizam os processos e digitalizam algumas das tarefas da área de RH.
O que todos esses setores de investimento têm em comum? Todos fazem uso da tecnologia como elemento inovador para se destacar em seus respectivos setores, unindo as principais características buscadas por um investidor anjo.
Leia também: Qual a motivação do investidor anjo? Conheça seus investidores
Como ser escolhido por um investidor anjo?
Primeiro, é importante ressaltar que para receber um investimento anjo é pré-requisito estar disposto a compartilhar todas as informações do seu negócio com o investidor, desde os projetos de crescimento até os pontos negativos da empresa.
Não apenas financeiramente, esse investidor aplica também tempo e disposição em mentoria para auxiliar no crescimento do negócio.
Além dos critérios a serem cumpridos pelo empreendimento, o investidor anjo busca por empreendedores que tenham profundo conhecimento sobre seu negócio, além de apresentar competências para administrá-lo.
Por isso, temos algumas dicas caso queira despertar o interesse desse tipo de investidor:
- Estabeleça uma rede de conexões confiável, isso aumenta suas chances de encontrar um investidor confiável e ideal para seu tipo de negócio;
- Compareça a eventos para startups e construa seus primeiros relacionamentos, isso auxiliará também na sua rede de contato. É recomendado que você conheça pessoas no seu ramo de startup, pois isso demonstra seu crescimento pessoal e profissionalmente, mantendo contato com aqueles a quem você se conecta;
- Conheça o seu mercado e a sua concorrência, pois o seu conhecimento pode ser o diferencial para conquistar a confiança dos seus investidores e impactar no crescimento do seu negócio.
A dica de ouro é que você seja sincero ao expor sobre seu negócio, pois não se trata apenas de conseguir o investimento, mas sim conseguir um investidor disposto a colaborar com o seu desenvolvimento.
O que é necessário saber antes de se tornar um investidor anjo?
Assim como para a empresa, também são estabelecidos alguns critérios a quem deseja se tornar um investidor anjo.Veja alguns deles a seguir:
Experiência no segmento
A experiência no segmento é necessária, pois o investidor assume também um papel mentor ou/e conselheiro, contribuindo com seus conhecimentos;
Disponibilidade financeira
O aporte varia entre R$200 mil e R$ 1 milhão. Considerando que o risco do investimento é alto, o recomendado é que a quantia aplicada corresponda de 5% a 10% do patrimônio do investidor;
Vontade, tempo e disposição
Considerando que se trata de um negócio ainda em sua fase inicial, além do tempo e disposição investidas no desenvolvimento do negócio, é preciso estar ciente de que o retorno do investimento também pode demorar. Ou seja, essa modalidade é indicada para quem deseja um investimento de médio ou longo prazo.
Leia também: Investidor anjo no Brasil, atuação e quem acompanhar
Vantagens e desvantagens de ser investidor anjo
Pensando em quem cumpre esses requisitos e tem interesse em se tornar um investidor anjo, consideramos que é importante conhecer as vantagens e as desvantagens apresentadas por essa modalidade de investimento.
Vantagens
Uma das vantagens principais e também uma maneira de diminuir o risco é a possibilidade de diversificar a carteira de investimento, dividindo os aportes em uma carteira de startups.
Investir em uma empresa em desenvolvimento pode ser também uma alternativa interessante de obter lucro se comparado aos investimentos tradicionais que diminuíram o rendimento com a queda da taxa Selic.
Desvantagens
Quanto às desvantagens, além do fator de risco, é necessário também considerar a disponibilidade financeira para novos aportes, pois como é um negócio em crescimento, será necessário continuar investindo não apenas dinheiro como tempo.
Onde um investidor anjo pode procurar ajuda para começar?
Se você analisou o perfil do investidor anjo e tem interesse em seguir com essa estratégia, saiba que o primeiro passo é buscar por uma organização que possa intermediar o contato entre você e um negócio do seu interesse.
Para receber mais orientações, você pode buscar por um grupo de investidores especializados, uma plataforma online de equity crowdfunding ou até mesmo o Angels Investor Club, uma organização sem fins lucrativos que apoia o empreendedorismo e a inovação.
Ao entrar em contato com uma dessas equipes, você pode fazer sua inscrição como um investidor e eles te auxiliarão a descobrir seu perfil, a categoria que melhor se enquadra e quais são os benefícios de cada negócio.
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