O mercado de private equity no Brasil demonstra uma crescente nos últimos anos. Mesmo durante a crise, os números continuam subindo. Entenda, a seguir, o cenário brasileiro da modalidade.
Existem três principais fundos de investimento privado: capital, venture capital e private equity. A diferença está na verba disponível, no protagonismo do investidor e na fase da startup. No caso do private equity no Brasil, é direcionado para empresas maduras, que já têm lucro. Ou seja, consolidadas no mercado.
Ao realizar o investimento, na modalidade, os investidores tornam-se sócios, auxiliando, diretamente, na tomada de decisões. Quando comparado ao cenário estrangeiro, o mercado brasileiro ainda tem muito o que se desenvolver. No entanto, quando comparado aos seus próprios números, vemos um crescimento expressivo no setor.
Em 2004, o volume de recursos era de US$6 bilhões. Somente no primeiro trimestre de 2021, os investimentos de venture capital e private equity totalizaram US$2,2 bilhões. Neste contexto, o setor é uma oportunidade não só para quem quer começar a investir, como, também, para os empreendedores.
A seguir, veja um panorama completo do mercado brasileiro com relação à categoria de investimento. Acompanhe!
Como funciona o private equity no Brasil
Segundo um estudo feito pela Insper, Spectra e a Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity, os nossos números surpreendem. Os gestores de private equity no Brasil tem desempenho parecido aos globais. Por vezes, nem mesmo a taxa de câmbio é um empecilho.
Desde 1994, em todas as safras, o índice TVPI (Total Value to Paid-in Capital) foi superior a 1. Mais que isso, em 87% dos casos, o retorno foi positivo. Portanto, o setor pode ser uma oportunidade. Tanto para investidores que querem atuar em áreas variadas, quanto para startups.
Mesmo durante a pandemia, das 255 empresas que receberam capital, 55 delas foram da modalidade. A título de curiosidade, em 2005, eram 71 fundos, que correspondiam há 0,7% do PIB brasileiro. Um pouco depois, em 2009, eram 144 organizações, que correspondiam a 2,3%.
No início da quarentena, os fundos de private equity no Brasil sofreram sim uma queda. Entretanto, alguns meses depois, voltaram a crescer. Comportamento semelhante aconteceu nos Estados Unidos. Lembrando que as recessões oferecem aos fundos uma oportunidade de investimento em novas soluções capazes de revolucionar o mercado.
Anualmente, o setor movimenta cerca de US$10 a US$13 bilhões. Um dado interessante é que, em 2020, o Brasil totalizou 78% dos investimentos na América Latina na categoria. Os setores que mais recebem aporte, em ordem decrescente, são:
- finanças;
- tecnologia;
- infraestrutura;
- varejo;
- bens de consumo;
- saúde.
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Quais são os fundos de private equity com atuação no Brasil
Quando falamos de private equity no Brasil, falamos de fundos que investem em empresas em troca de participação acionária. Consiste em comprar uma parte de um empreendimento com potencial, para vendê-lo mais para frente por um valor maior. Em ambas as etapas, pode ser comercializado uma parte ou o todo.
Grandes nomes brasileiros foram investidos por esses fundos. Alguns exemplos são a Natura, Localiza, UOL, Gol, Submarino, ALL, entre outros. Ainda que os números não sejam tão expressivos quando comparados a outros países, em 2020, foram R$9 bilhões investidos.
Para entender o que tudo isso significa, a seguir, separamos 6 fundos de private equity com atuação Brasil que valem a pena conhecer.
GP Investimentos
A GP Investimentos é o maior fundo de private equity no Brasil. Fundada em 1993, são 27 anos criando empresas líderes. Alguns empreendimentos que fazem parte do seu portfólio são:
- Submarino;
- Shoptime;
- Globo Cabo;
- BHG;
- BR Towers;
- IG;
- EBAM – Empresa Brasileira de Agregados Minerais;
- Estácio;
- Centauros;
- Oi;
- entre outros.
Ao todo, são mais de 50 empresas em 17 setores diferentes. É o maior fundo da América Latina, administrando mais de US$5 bilhões de recursos. Entre os seus objetivos, estão o crescimento sustentável e a valorização dos empreendimentos parceiros.
Paralelamente, seu propósito é transformar jovens talentos e pequenas empresas em apostas promissoras. Em 2017, a receita do fundo de private equity brasileiro era de cerca de US$101 milhões. Nos últimos anos, em comunicado com a imprensa, demonstraram interesse em investir em startups.
Vale lembrar que a empresa possui participação no mercado nacional e internacional.
Gávea Investimentos
Fundada em 2003, a Gávea Investimentos é um fundo de recursos independente, com foco em mercados emergentes. Para isso, são duas as principais áreas de atuação, investimento em private equity e multimercados. No primeiro caso, os investimentos começaram em 2006.
Desde o início da estratégia, já são mais de R$10,5 bilhões, aportados em 56 empreendimentos. Entre as suas parcerias mais recentes, de ambos os fundos, está a Stone, Vtex, Mundo Pet, São Francisco, entre outros. Assim como a GP Investimentos, tem atuação nacional e internacional.
Em 2021, a empresa suspendeu a captação de fundos, alegando um momento de hostilidade na economia brasileira.
SoftBank
Mesmo sendo um fundo japonês, a SoftBank é muito importante para o mercado brasileiro de private equity e venture capital. Ainda mais para as startups. Em 2019, chegou à América Latina com um US$5 bilhões para investir no setor. Sendo, a sua prioridade, o Brasil.
Embora a atuação do conglomerado no nosso país seja relativamente recente, é um fundo para ficar de olho. Isso porque até o momento, ele liderou 6 das 10 negociações mais bem sucedidas do Brasil. O interesse prioritário do grupo são startups que utilizam das tecnologias para propor novos modelos.
Tanto que, em 2020, fundou a Latin America Tech Hub, incubadora focada em startups, joint venture e parcerias da região. Para mais, é o segundo maior fundo do mundo, com patrimônio líquido de US$29 bilhões. Isso sem falar que é uma das referências atuais em investimento em tecnologia.
Masayoshi Son, fundador e CEO da empresa, é o segundo homem mais rico do Japão. Ele é reconhecido mundialmente por investir em negócios de diferentes tamanhos. Atualmente, detém participação acionária em grandes empresas, tais como a Apple e a Sharp.
Em síntese, no mercado brasileiro de private equity, em 2019, a Softbank investiu em várias empresas. Empresas as quais hoje, são unicórnios brasileiros e/ou com expectativas de se tornar. Por exemplo:
- Gympass;
- Loggi;
- Banco Inter;
- QuintoAndar;
- Buser;
- Vtex;
- entre outros.
Aqua Capital
Focado no agronegócio brasileiro e da América do Sul, a Aqua Capital é um dos fundos de private equity mais conhecidos. Seu portfólio de investimento conta com a Comfrio, FertilÁqua, Grand Cru, GeneSeas, Aquafeed, Yes, entre outros grandes nomes do setor.
Já são mais de U$650 milhões em investimento sob gestão, sendo referência no setor de insumos agrícolas. Em 2020, a empresa fundou uma holding só para lidar com os principais ativos do setor, a Agrogalaxy. A expectativa é que o novo grupo se torne referência nacional nos próximos anos.
Criado em 2009, o fundo já fez mais de 30 investimentos no setor agro.
BlackRock
Mais um fundo de investimento internacional, a BlacRock é a maior gestora de ativos do mundo. Com mais de U$6,5 trilhões investidos globalmente, a corporação, que está no Brasil há mais de 10 anos, vê no mercado uma oportunidade.
Seus principais objetivos são trazer maior competitividade para as empresas e fomentar um novo cenário de investimento. Em 2019, o fundo de private equity brasileiro foi responsável por cerca de US$6 bilhões. É o quarto maior mercado da América Latina, com expectativa de aumentar os investimentos nos próximos anos.
No nosso país, no momento, são seis as principais áreas de atuação:
- Indivíduos e famílias;
- Consultores financeiros;
- Organizações educacionais e sem fins lucrativos;
- Planos de pensão;
- Governos;
- Companhias de seguro.
Valor Capital Group
Focado em venture capital e private equity, a Valor Capital Group, criada em 2010, possui investimento prioritário em startups. No primeiro semestre de 2021, estava na lista das empresas com maior valor investido em startups brasileiras. 65% do seu portfólio de investimento está em empresas inovadoras no nosso país.
Quatro dos seus investimentos mais promissores são os unicórnios Gympass e Stone e a startup promissora, Pipefy. Enquanto isso, o restante do seu portfólio, 35%, está investido em empresas americanas e europeias interessadas em expandir. Desse modo, é uma opção ora para empreendedores que buscam investimento, ora para parcerias internacionais.
Além disso, em entrevista à Revista Exame, um dos sócios já deixou claro seu interesse em investir no mercado brasileiro de private equity. Segundo ele, possuímos alto potencial de penetração e de marketing viralizado. Por conseguinte, os negócios tem mais chance de crescer.
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Qual o perfil dos investidores brasileiros de private equity
Como dito anteriormente, a private equity no Brasil tem como foco as empresas mais maduras. Normalmente, em fase de reestruturação, expansão ou consolidação. Dessa forma, o investidor irá compartilhar os riscos com o gestor, agregando valor a empresa com seu conhecimento.
Em virtude desses aspectos, o profissional que trabalha na área costuma ter perfil analítico. Mais que isso, possuir o olhar crítico para avaliar o valuation da empresa e enxergar oportunidades de negócio. Além disso, entendem de finanças e contabilidade. Sempre de modo a compreender de fato a realidade do negócio.
Simultaneamente, segundo uma pesquisa nacional, os fundos buscam pessoas capazes de ter resultados mesmo com os riscos. Isto é, perfis sólidos, com capacidade empreendedora altíssima e entendimento em gestão.
Quais são as principais diferenças do mercado brasileiro quando comparado aos outros países
Se olharmos para o comércio norte-americano, a maior parte das empresas passou por uma rodada de private equity. Do hotel ao restaurante, o valor investido varia conforme a necessidade do empreendimento. Enquanto isso, quando falamos de privaty equity no Brasil, é um setor que ainda precisa amadurecer.
Temos sim segmentos que se consolidaram por causa da modalidade. Por exemplo, as universidades e as empresas de exames médicos. No entanto, quando comparado aos Estados Unidos, o nosso mercado tem muito o que progredir. Vale lembrar que no país do sonho americano, os primeiros fundos surgiram em 1980.
Foi uma forma encontrada de conseguir financiamento para pequenas e médias empresas, normalmente, de capital fechado. A partir desses investimentos, os fundos recebiam grande participação nos projetos, ajudando-os a crescer e se desenvolver ainda mais. No Brasil, os primeiros fundos de private equity surgiram quase duas décadas após.
Nos anos 90, o mercado da categoria ganhou fôlego no nosso país juntamente ao aquecimento da economia. Portanto, é um setor relativamente novo, com grandes promessas para os próximos anos.
Como vimos ao longo deste artigo, os fundos de private equity Brasil estão crescendo. Ainda que o país esteja atrás dos Estados Unidos e de outros mercados, os números aumentaram nos últimos anos. Mesmo durante a crise, os investimentos progrediram.
Vale dizer que os gestores brasileiros têm o mesmo desempenho dos globais. Isso sem falar no aumento do valor investido e do capital sob gestão. Tanto é que nos últimos anos, grandes nomes estrangeiros, como a Softbank e a BlackRock vem aumentando o investimento no Brasil.
Assim sendo, o setor pode ser uma oportunidade tanto para quem quer investir, como para quem quer receber investimentos.
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